Sabia que já existem no mercado elevadores que geram
energia, que atingem velocidades de até 2,5 metros por segundo, e que economizam
até 75% de energia?
Por Ticiana Werneck, da Abrasce
Elevadores e escadas rolantes são personagens
coadjuvantes das visitas a um shopping center. Mas o que pouco se sabe é que as
inovações nesta área são surpreendentes, e no quesito sustentabilidade os
lançamentos vêm se superando a cada ano.
Você sabia que já existem no mercado
elevadores e escadas rolantes que “geram energia”? No caso do elevador, o
sistema regenerativo de energia, como se chama, permite devolver parte da
energia gasta pelo elevador durante seu funcionamento para a rede elétrica
interna da edificação, resultando em uma economia de até 75% de energia. Com o
sistema, o empreendimento recebe parte da energia devolvida pelo motor de
tração do elevador em dois momentos: quando sobe com a cabina abaixo da metade
da sua capacidade ou quando desce com a capacidade acima da metade. A energia
devolvida pode ser utilizada para o sistema de elevadores (um consome a energia
devolvida pelo outro), ou utilizada para alimentar a iluminação elétrica, o ar
condicionado e outros equipamentos do prédio. O que antes era desperdiçado
agora se torna energia reutilizável. O medidor do prédio irá registrar um menor
consumo de energia da concessionária.
Já no caso das escadas rolantes, há no
mercado equipamentos inteligentes, que utilizam sensores de presença para a
economia de energia, além dos dispositivos de segurança, que prometem até 30%
de economia de energia. Para elas, o drive regenerativo de energia propicia a
redução de até 45% do consumo de energia. Estes drives ajudam a reduzir os dois
principais fatores que influenciam os custos da energia elétrica: a potência
consumida na corrente de pico e o consumo de energia total. Na prática, uma
escada rolante com carga total – durante a descida – será capaz de fornecer
grande parte da energia para uma escada rolante adjacente que estiver subindo.
A quantidade de economia de energia por causa
da regeneração depende de vários parâmetros e configurações do sistema, como:
carga de passageiros, padrões de tráfego e eficiência do sistema.
“Ao longo dos últimos anos, os principais
shoppings vêm se modernizando para atender o crescente fluxo de visitantes com
eficiência energética e menor impacto possível ao meio ambiente. Esse processo
de modernização chegou também aos elevadores e escadas rolantes, ‘órgãos
vitais’ para a operação de um shopping”, esclarece Carlos Roberto Bonadio,
Diretor de Serviços da Thyssenkrupp Brasil.
Subindo: demanda por sustentabilidade
Com o crescimento da população urbana, mais
shoppings são inaugurados pelo mundo. Estas construções estão no centro do
debate sobre eficiência energética, pois respondem por 40% do consumo de
energia, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA).
Os elevadores são parte importante nesta
equação, pois representam cerca de 10% da energia consumida pelos edifícios.
Por isso, o elevador faz toda diferença para uma construção obter as principais
certificações de sustentabilidade, como LEED e Aqua.
“As novas tecnologias em elevadores podem
reduzir o consumo de energia; além de ampliar a capacidade de tráfego, gerar
energia para os edifícios, encurtar distâncias e dar aos arquitetos liberdade
para criar projetos inovadores”, comenta Bonadio, da ThyssenKrupp. A empresa possui no mercado um elevador que
não tem engrenagem, funciona com imãs
permanentes que melhoram o desempenho do motor, proporcionando uma economia de
até 30%. Além disso, dispensa o uso de óleo lubrificante, o que por si só contribui
para não poluir o meio ambiente.
Outro exemplo é o modelo Gen2, da Elevadores
Otis, que não tem casa de máquina e ajuda a reduzir o consumo de energia em até
75%. O elevador utiliza uma máquina compacta e cintas de aço e poliuretano, 20%
mais leves que os tradicionais cabos de aço. Tanto as cintas quanto a máquina
sem engrenagens não requerem lubrificação adicional, tornando o sistema mais
limpo para o meio ambiente.
O modelo possui também cabines com iluminação
eletrônica de LED, que reduzem o consumo de energia elétrica em até 30% em
comparação com as lâmpadas fluorescentes e são totalmente lead-free, ou seja,
seus componentes e processo produtivo não possuem chumbo, substância tóxica ao
meio ambiente. “Hoje o elevador consome menos energia elétrica que um
micro-ondas”, observa Júlio Bellinassi, Presidente da Elevadores Otis para
América do Sul.
Um degrau acima
No início de maio, a Thyssenkrupp lançou, no
Fórum de Eficiência Energética que aconteceu em Washington (EUA), sua mais
recente inovação para tornar a mobilidade urbana mais sustentável. Trata-se da
solução de energia net-zero, que consome aproximadamente a mesma quantidade de
energia que gera, e pode ser aplicada em elevadores que já estão em operação,
sem a necessidade de substituir o elevador.
O novo conceito de net-zero vai um passo à
frente dos elevadores que regeneram energia, pois melhoram a eficiência
energética do edifício mesmo quando o elevador está parado esperando uma
chamada, o que pode representar até 70% de sua vida útil. O projeto usa novos
controladores que acionam modos de “hibernação” ou “sono” em cabinas ociosas,
reduzindo assim a demanda de energia. A energia necessária pode ser gerada
usando painéis solares que não devem ter dimensões superiores ao tamanho do
poço do elevador, criando sistemas que consomem menos do que geram.
A Otis já lançou uma nova versão de seu
modelo mais moderno de elevador. O Gen2 Comfort é ainda mais rápido (com
velocidades de até 2,5 metros por segundo) e sustentável. “Nos últimos anos, a
indústria brasileira tem evoluído muito em relação ao mercado de construções
verdes, seguindo a tendência mundial, e tem se preparado cada vez mais para atender
às rigorosas exigências dos projetos sustentáveis”, diz Bellinassi, da Otis.
Da Otis, o sistema Compass, de antecipação de
destino, evita filas e aglomerações de pessoas no saguão, cabinas cheias e
inúmeras paradas durante a viagem. À medida em que as chamadas ocorrem, o
sistema faz uma distribuição inteligente dos passageiros ainda no saguão do
prédio, criando grupos de pessoas que farão viagens para o mesmo andar ou pisos
próximos. O sistema indica o elevador que mais rapidamente chegará ao pavimento
desejado, proporcionando menor tempo de espera e menos paradas intermediárias.
Para se ter uma ideia, em comparação aos sistemas convencionais de despacho de
chamadas, o Compass reduz em até 40% o tempo total de viagem.
Inovação em todos os andares
A Otis possui 160 anos de história, e está há
110 no Brasil. Curiosidade: seu primeiro elevador instalado, em 1906, ainda
está em funcionamento com suas características estéticas originais no Palácio
das Laranjeiras, atual residência do Governador do Estado do Rio de Janeiro.
Em 2013, a empresa inaugurou em São Bernardo
do Campo (SP) sua primeira fábrica “verde” na América do Sul, com instalações
projetadas de forma a minimizar impactos ambientais com a obtenção da
certificação LEED - Leadership in Energy and Environmental Design. A planta
utiliza energia natural e um sistema construtivo para auxiliar na redução do
consumo de energia elétrica e reuso de água.
No mundo, a empresa possui 2 milhões de
unidades sob manutenção, e neste item também está inovando ao aplicar
ferramentas digitais. Utilizando tecnologias de serviço nas nuvens, sistemas de
Gestão do Relacionamento com Clientes (CRM) e Big Data, a empresa faz
monitoramentos baseados nas condições do sistema. “O objetivo é transformar o
modo como as pessoas vivem, trabalham e interagem com prédios industriais e
comerciais para melhorar a produtividade, segurança e conforto das pessoas,
possibilitando a existência de cidades mais inteligentes e mais verdes”,
finaliza Bellinassi.